Endocrinologia
A endocrinologia é uma das várias especialidades médicas que existem atualmente. O médico endocrinologista é o profissional responsável por cuidar do nosso sistema endócrino. Esta é uma área da medicina que foi criada mais recentemente, por este motivo pode ainda ser um grande mistério para muitas pessoas.O que é a endocrinologia?
A endocrinologia é um ramo da medicina que procura cuidar de todos os transtornos que possam ocorrem nas glândulas endócrinas. O nome endocrinologia vem do grego, sendo que, “endo” se refere a interno e “krino” se refere a separar, secretar. Ou seja, endocrinologia quer dizer algo como “secreção interna”, uma forma de mencionar os hormônios.
A endocrinologia chegou ao Brasil somente por volta de 1980 e é, portanto, uma área de atuação bem recente. Foi neste período que se criou a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, também conhecida por SBEM. Este ramo da medicina tem recebido cada vez mais atenção, pois é o grande responsável pelo controle da obesidade.O que faz um endocrinologista?
O médico endocrinologista é quem cuida do nosso sistema endócrino e de suas secreções. Estas secreções recebem o nome de hormônios. A variação na quantidade de hormônios dentro do nosso organismo pode causar uma série de transtornos e doenças. As principais complicações serão mencionadas logo a seguir.O que é o sistema endócrino?
O sistema endócrino é um dos muitos sistemas que regulam o funcionamento do nosso organismo. Este sistema é formado por um conjunto de órgãos que possuem, como principal característica, a secreção dos hormônios. Os órgãos do sistema endócrino que possuem a característica de secretar estes hormônios recebem o nome de glândulas. As glândulas do sistema endócrino recebem o nome de glândulas endócrinas.Nosso organismo é composto por dois tipos diferentes de glândulas, as endócrinas e as exócrinas. Quem cuida das glândulas endócrinas é o endocrinologista. As glândulas endócrinas lançam os hormônios que são secretados diretamente no nosso sangue. Cada hormônio age sobre alguns tipos de células. Quando o hormônio secretado atinge a célula-alvo que lhe é destinada, ocorre a resposta característica desta ação hormonal.
Os hormônios atuam em nosso organismo regulando um ou mais órgãos. Eles são extremamente importantes para o bom funcionamento do nosso corpo. Quando há alguma disfunção de secreção os problemas de saúde aparecem. Os hormônios são os responsáveis, por exemplo, pela nossa reprodução, pelo funcionamento do metabolismo, pelo nosso crescimento e também pelo nosso desenvolvimento.
São muitos os tipos de glândulas endócrinas que existem no organismo. Podemos destacar algumas mais importantes como a hipófise, o hipotálamo, a tireoide, as paratireoides, os ovários, os testículos e as supra-renais, por exemplo. Cada uma destas glândulas endócrinas produz um ou mais tipos de hormônios. Quando alguma destas glândulas não está funcionando corretamente, ocorrem disfunções no nosso organismo. Abaixo vamos indicar os principais transtornos causados por falhas do sistema endócrino.
De quais doenças a endocrinologia trata?
Quando ocorrem falhas do sistema endócrino nosso organismo responde de alguma forma. As complicações médicas mais populares que são causadas por disfunções nas glândulas endócrinas são a obesidade, a diabetes mellitus, alterações no colesterol, o hipotireoidismo e hipertireoidismo e os ovários policísticos.
A obesidade é uma doença crônica que possui como característica o excesso de gordura corporal. Não há somente uma causa para a obesidade e esta é uma doença bem complexa, pois ela integra fatores físicos e psicológicos, entretanto, o endocrinologista é um dos responsáveis pelo seu controle, pois pode ocorrer devido a alterações hormonais. O número de pessoas com obesidade mórbida tem crescido progressivamente nos dias de hoje. Este fator contribuiu para o maior enfoque neste recente ramo da medicina. São poucas as pessoas que desenvolvem obesidade somente devido a fatores genéticos, entretanto, quase sempre este é o principal motivo popularmente apontado.Outras doenças como a dibetes mellitus e o hipertireoidismo são muito comuns na atualidade e são geradas devido a disfunções hormonais. O hipertireoidismo, por exemplo, é causado quando há excesso de hormônio tireoidiano no organismo. Já a dibates mellitus ocorre quando há a falta de hormônio insulina no sangue.
Tireoide
A tireoide
é uma glândula que produz hormônios que são
essenciais para o funcionamento do organismo em todas as etapas de
nossas vidas. Afeta o desenvolvimento e crescimento na criança, o
metabolismo, a função de diversos órgãos e a fertilidade.
As doenças da glândula são muito frequentes. A
tireoide pode aumentar de tamanho homogeneamente ou na forma de
nódulo(s), benigno ou maligno. Quando deixa de produzir hormônios
adequadamente ocorre o hipotireoidismo e quando ela produz em
excesso, o hipertireoidismo. Ambas situações trazem consequências
negativas para o organismo.
Deve-se dar atenção especial ao feto e neonato,
pois o hipotireoidismo nestas fases da vida causa graus variáveis de
retardo mental irreversíveis se não for tratado precocemente. Por
isto, é extremamente importante a avaliação da tireoide da
gestante para garantir sua ingestão adequada de iodo (usado pela
tireoide da mãe e do feto para produzir os hormônios).
1) Qual a
função da tireoide?
A tireoide é uma glândula localizada na região
anterior do pescoço abaixo da cartilagem cricóide, conhecida como
pomo de Adão. Ela é formada por dois lobos, que ficam dispostos de
cada lado da traquéia, e pelo istmo que une os dois lobos fazendo
com que a glândula tenha formato semelhante ao de uma borboleta.
A sua principal função é produzir os hormônios
tireoidianos triiodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4). A
tireoide produz principalmente o T4 e este vai ser transformado
perifericamente (dentro das células nos tecidos alvo) em T3, que é
o hormônio ativo. O T3 vai se ligar a receptores no núcleo das
células, estimulando o funcionamento das mesmas.
O hormônio tireoidiano age em praticamente todos
os órgãos, estimulando várias funções, como se fosse a gasolina
do corpo humano. O hormônio tireoidiano age no coração controlando
os batimentos cardíacos; no intestino controlando o peristaltismo e
frequência de evacuações, na temperatura corporal, no humor, na
memória; e outras funções cognitivas.
Age também no osso, no músculo e no tecido
adiposo. Nas mulheres pode alterar a ciclo menstrual e ovulação
quando ocorrem disfunções tireoidianas.
O hormônio tireoidiano é extremamente importante
para a formação do sistema nervoso central no feto e no neonato e a
deficiência destes hormônios, o hipotireoidismo, durante esta fase
da vida gera retardo mental que pode ser irreversível se não
tratado no primeiro ano de vida.
2)
Principais problemas relacionados à glândula tireoide? Por que
ocorrem?
A tireoide pode ter alteração funcional ou
anatômica. Quanto à alteração anatômica, esta pode ser pela
presença de nódulos (bócio uninodular ou multinodular) ou pelo
crescimento uniforme da glândula (bócio difuso).
O bócio, chamado popularmente de papo, significa
qualquer aumento da tireoide, seja de forma difusa ou nodular. O
bócio difuso pode ocorrer nas disfunções tireoidianas, que será
comentado posteriormente, ou quando ocorre deficiência de iodo
também chamado de bócio endêmico. O bócio endêmico é mais raro
no Brasil devido à implementação do iodo no sal de cozinha a mais
de uma década.
Os nódulos são detectados ao exame clínico, ou
seja, pela palpação do pescoço, em 4-7% da população e em 95%
dos casos são benignos. No caso dos malignos os pacientes são
submetidos a tireodectomia total (retirada da glândula) e reposição
hormonal. Felizmente a grande maioria dos casos de câncer de
tireoide tem um prognóstico excelente quando manejados de forma
adequada.
A tireoide pode ter dois tipos de disfunção: o
hipotireoidismo, quando funciona menos do que o necessário; e o
hipertireoidismo, quando a glândula funciona mais do que deveria.
Estas disfunções são, na maioria dos casos, geneticamente herdadas
e outros membros da família também são acometidos por estas
disfunções.
Tanto o hipotireoidismo como o hipertireoidismo
são doenças autoimunes. O indivíduo produz anticorpos contra a
própria tireoide, bloqueando ou estimulando o seu funcionamento,
respectivamente.
O hipotireoidismo é a alteração mais frequente
da tireoide. Sua prevalência em mulheres é em torno de 10% e
aumenta na menopausa, ficando em torno de 12 a 15% nesta fase. Em
homens é menos frequente e sua prevalência é em torno de 3%. A
incidência do hipotireoidismo em mulheres é de 4/1000 por ano e nos
homens de 0,6/1000 por ano.
3) Como é
feito o diagnóstico das disfunções tireoidianas?
O TSH é o hormônio estimulador da tireoide, ele
é produzido pela hipófise e controla o funcionamento da tireoide.
Quando ocorre o hipotireoidismo o TSH se eleva para estimular a
glândula e quando a tireoide está hiperfuncionante, o TSH fica
suprimido.
O TSH, o T4 e o T3 são utilizados em conjunto
para avaliação da função tireoidiana, sendo o TSH o exame mais
robusto.
Durante as últimas décadas, os avanços na sensibilidade e precisão dos ensaios laboratoriais para dosagem de TSH, bem como o entendimento das disfunções subclínicas (alterações discretas da função tireoidiana), possibilitou fomentar a discussão sobre o que constituem os valores de normalidade do TSH no soro.
Durante as últimas décadas, os avanços na sensibilidade e precisão dos ensaios laboratoriais para dosagem de TSH, bem como o entendimento das disfunções subclínicas (alterações discretas da função tireoidiana), possibilitou fomentar a discussão sobre o que constituem os valores de normalidade do TSH no soro.
Argumenta-se que o estabelecimento de normalidade
mais refinado, refletiria melhor a “saúde tireoidiana” do que os
valores atualmente adotados. Este assunto é de fundamental
importância porque se relaciona com a realização de rastreamentos
populacionais para disfunções tireoidianas e com a determinação
do momento adequado para que a terapia de reposição hormonal seja
iniciada, assim como na determinação do intervalo ideal dos valores
de TSH dentro do qual os pacientes em tratamento para o
hipotireoidismo devem manter seu TSH sérico. O atual valor normal do
TSH sérico é de 0,4 a 4 mUI/L, algumas instituições recomendam a
redução desses valores, ressaltando que 95% da população
dos indivíduos eutireoidianos saudáveis apresentam um TSH sérico
entre 0,4 e 2,5 mUI/L.
A Sociedadade Americana dos Endocrinologistas
Clínicos considera o valor normal de TSH de 0,3 a 3,0 mUI/L
4) Por que o
emagrecimento ou ganho de peso pode ter alguma relação com o
funcionamento da tireoide?
A tireoide é a gasolina do corpo, age estimulando
o funcionamento e diversas funções nos diferentes órgãos,
portanto ela estimula o metabolismo e o gasto energético. Quando a
tireoide esta funcionando, menos no caso do hipotireoidismo, a
paciente vai ter um gasto energético reduzido. Além disso, ocorre
retenção de líquido o que ocasiona um aumento de peso em torno de
10% do peso corporal.
No hipertireoidismo ocorre o contrário, há um
aumento do metabolismo e do gasto energético que a paciente não
consegue compensar com o concomitante aumento do apetite. Mas,
devemos salientar que é um mito dizer que uma pessoa é gorda ou
magra porque tem problema de tireoide. Estas disfunções causam
alteração transitória do peso enquanto a paciente não está sendo
tratada, uma vez que a paciente está recebendo tratamento adequado o
peso vai depender da ingesta e do gasto calórico como ocorre com
qualquer pessoa saudável.
5) O que estes problemas podem causar?
Podem desencadear outros problemas de saúde a curto ou longo prazo?
No hipotireoidismo o(a) paciente vai apresentar um
ou mais destes sinais e sintomas, que podem variar de intensidade
conforme a gravidade da doença:
- alteração de humor como desânimo e até depressão;
- memória comprometida;
- distúrbio do sono;
- pele seca;
- queda de cabelo;
- intolerância ao frio (sente mais frio do que o normal);
- edema (inchaço) de pálpebras principalmente, mas, também, edema de pernas e mãos;
- obstipação (intestino preso) nas mulheres pode haver alteração do ciclo menstrual até amenorréia (parada da menstruação);
- e em ambos os sexos pode haver diminuição da libido.
Caso haja demora no diagnóstico e tratamento pode
ocorrer anemia, alteração do colesterol, aumento da pressão
arterial, insuficiência cardíaca e raramente o coma, que ocorre
mais em idosos quando o diagnóstico não é feito ou param de fazer
o tratamento adequado.
No hipertireoidismo, os sinais e
sintomas são opostos aos do hipotireoidismo, ou
seja, o(a) paciente vai apresentar agitação; irritabilidade;
alteração do sono (insônia); cabelos finos e unhas quebradiças;
pele quente e úmida; intolerância ao calor (sente mais calor do que
o normal); aumento da frequência de evacuações, podendo ter
diarreia; alteração do ciclo menstrual (diminuição do intervalo e
alteração de fluxo); taquicardia; e tremor das mãos.
Em longo prazo, o hipertireoidismo pode causar
arritmias cardíacas, como fibrilação atrial; diminuição da massa
magra (músculo); e diminuição da massa óssea com osteoporose e
possível aumento do risco de fraturas em mulheres pós-menopausa.
6) Como manter a tireoide longe de
problemas?
Não existe nenhuma dieta ou cuidado especial que
possa impedir o aparecimento destas disfunções. Importante
ressaltar que as fórmulas de emagrecimento, em geral, contém
hormônio tireoidiano para aumentar o gasto calórico. Entretanto
isto ocorre as custas de um hipertireoidismo que, como foi comentado
acima, tem efeitos deletérios a saúde.
Portanto, é melhor não tentar aumentar a função
da tireoide para emagrecer e assim evitar problemas.
7) Como estas disfunções na tireoide
devem ser tratadas?
O tratamento do hipotireoidismo é feito com
reposição hormonal, levotiroxina, que deve ser tomada diariamente,
pela manhã, via oral e em jejum. O médico avalia, com exames de
sangue, a função tireodiana e faz ajustes necessários de dose,
baseado nos exames laboratoriais e na avaliação clínica da
paciente.
No hipertireoidismo há mais de uma opção
terapêutica, a droga antitireoidiana, o iodo radioativo ou cirurgia.
O paciente pode ser tratado com medicamento que vai diminuir a
produção de hormônio tireoidiano pela glândula (droga
antitireoidiana), por um período que varia de um a dois anos. Neste
período, em geral, o processo imunológico regride.
A outra modalidade de tratamento, quando o
medicamento não é a melhor opção, como nos casos mais severos ou
intolerância ao medicamento, é o tratamento com iodo radioativo que
vai provocar morte celular, redução do volume da glândula e
hipotireoidismo. No caso deste tratamento, o paciente vai precisar
fazer reposição hormonal.
A terceira opção é o tratamento cirúrgico
reservado para casos mais severos ou nos casos em que o bócio é
volumoso (aumento exagerado da glândula).
8) De que forma a alimentação influencia
no funcionamento da tireoide? Qual a importância do iodo?
A tireoide utiliza o iodo ingerido na dieta para a
produção dos hormônios tireoidianos. Uma dieta adequada deve
fornecer cerca de 150 microgramas de iodo por dia, que a quantidade
suficiente para uma adequada produção dos hormônios tireoidianos.
Medicamentos, vitaminas ou alimentos com grande
quantidade de iodo como frutos do mar, pães industrializados entre
outros podem fornecer uma quantidade exagerada de iodo, causando
disfunção tireoidiana. O excesso de iodo crônico pode ocasionar o
hipotireoidismo, enquanto que uma sobrecarga aguda de iodo pode
causar tanto hipo como hipertireoidismo.
A falta de iodo gera problemas mais graves. Pode
ocasionar o hipotireoidismo e o desenvolvimento do bócio endêmico.
As gestantes, em especial, necessitam de mais iodo, cerca de 250
microgramas de iodo por dia, pois este iodo será utilizado pela
tireoide do feto para a formação dos hormônios tireoidianos.
A deficiência de iodo na gestante pode ocasionar
problemas obstétricos e hipotireoidismo no feto - que leva a
alterações no desenvolvimento do sistema nervoso -, levando a
retardo mental irreversível, se não tratado no primeiro ano de vida
da criança. Para diagnosticar precocemente o hipotireoidismo no
neonato se faz o teste do pezinho.